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sexta-feira, setembro 16, 2011

Lixo espacial: tudo sobre a poluição que orbita a Terra (gráfico)

Cada vez mais destroços de dispositivos espaciais orbitam a Terra, representando um perigo para satélites activos e naves tripuladas por astronautas. Especialistas sugerem que se desenvolva um programa de limpeza.

A quantidade de detritos espaciais a orbitar a Terra está a tornar-se um problema cada vez maior para naves e satélites activos, que correm o risco de colidir com estes objectos. Esta poluição, formada pela acumulação de dispositivos espaciais não operacionais, está a aumentar cada vez mais. O tema voltou à ordem do dia com a notícia da previsão de queda na Terra de um satélite desactivado.

"Ainda há poucas semanas, a Estação Espacial Internacional teve de realizar uma manobra de emergência para evitar um pedaço de satélite que passou muito perto", refere o astrónomo Rui Barbosa. "Penso que as agências espaciais terão de concertar esforços para que esse lixo deixe de ser um problema, num futuro próximo", acrescenta o mesmo especialista.

Um relatório, publicado este ano pelo National Research Council , avalia a ação do programa da NASA para os detritos espaciais (NASA Orbital Debris Program ), concluindo que estes têm aumentado a um ritmo superior àquele que a agência espacial norte-americana consegue acompanhar.

Na sequência deste relatório, as National Academies, grupo de instituições não lucrativas do qual faz parte o National Research Council, publicou no início do mês um comunicado no qual sugere que a NASA deve desenvolver um plano estratégico para uma melhor utilização das ferramentas de controlo e recolha dos detritos.
Da corrida à conquista do espaço até aos dias de hoje

Considera-se que a corrida ao espaço, um dos acontecimentos que marcou a rivalidade entre os Estados Unidos e a ex-União Soviética durante a Guerra Fria, começou em 1957, com o lançamento do Sputnik 1 pela Rússia.

De acordo com dados da NASA, os detritos espaciais têm vindo a aumentar desde então, mas o crescimento foi agravado por dois acontecimentos que, segundo o relatório, foram decisivos e praticamente duplicaram o número de destroços já existentes.

Em 2007, a China pôs em prática um teste no qual provocou o choque propositado entre um satélite inactivo e um anti-satélite (ASAT), aumentando o número de lixo espacial que, em 2009, voltou a crescer com o choque acidental entre os satélites Cosmos 2251 e Iridium 33.

Dados da NASA referem que detritos espaciais entraram na atmosfera praticamente todos os dias, durante os últimos 40 anos. Alguns não resistem e acabam por se desintegrar no início da queda, enquanto outros de maior dimensão caíram (e caem) geralmente em áreas pouco populadas, como a Sibéria, ou os oceanos.
Soluções de "limpeza" não são desenvolvidas no relatório

Apesar de não se alongar no que diz respeito a possibilidades de limpeza do lixo espacial, o relatório publicado pelo National Research Council remete para um outro estudo realizado pelo Departamento de Defesa dos EUA e publicado também este ano.

O estudo, chamado "Catcher's Mitt", sugere que sejam usados arpões, redes, ímanes ou até mesmo um dispositivo com uma forma semelhante a um guarda-chuva gigante, que consiga abarcar os detritos menores.

A quantidade de detritos espaciais que orbitam a Terra é medido por radares, telescópios ópticos, telescópios espaciais e pela análise das superfícies dos veículos espaciais que regressam à Terra, de acordo com o programa da NASA para os detritos espaciais (NASA Orbital Debris Program).
Satélite inactivo da NASA pode cair a qualquer momento

O satélite da NASA Upper Atmosphere Research Satellite (UARS) já tem 20 anos e está na eminência de cair na Terra, mas os cientistas da agência espacial afirmam que a probabilidade de partes do aparelho atingirem alguém é de um para 3200.

A queda do UARS, de seis toneladas, está prevista para final de Setembro ou Outubro. A maior parte do satélite deverá arder quando entrar na atmosfera e é provável que o que resista acabe por cair em zonas desertas do planeta.

Geralmente, a NASA tenta colocar os seus satélites inactivos numa "órbita cemitério" ou guiá-los para que caiam no oceano, mas com o UARS, sem combustível desde 2005, não foi possível realizar nenhuma destas medidas.


Ana C. Oliveira (texto) e Ana Serra (infografia), com Virgílio Azevedo
16:18 Sexta feira, 16 de Setembro de 2011

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